Enfim, a Nissan inicia a produção do seu primeiro carro de passeio no Brasil – Sentra e Tiida vêm do México. E cabe à minivan Livina a honra de dividir espaço com a Frontier em São José dos Pinhais (PR). Mas fora das paredes brancas da fábrica paranaense a Livina terá mais dificuldade para se encaixar. O radar da Nissan, segundo ela própria, buscará atingir muito mais Fiat Idea e Chevrolet Meriva que o afamado Honda Fit.>> Clique e assista ao vídeo com a Nissan Livina
Focada e despretensiosa, a Livina se apresenta agora de maneira formal – no fim do ano passado, deu as caras no Salão do Automóvel. Chega com duas opções de motor, 1.6 e 1.8, ambas 16V flex. Quem optar pela motorização menor fica também com o câmbio manual. Quem partir para a maior leva a caixa automática. Qualquer que seja a opção, há duas variantes: básica (sem sobrenome específico) e SL, mais completa. E aí começa uma confusão no organizado mundo das minivans. Fit, Meriva e Idea têm versões de entrada 1.4 e são exatamente elas que sustentam o maior volume de vendas – na média, 60%, contra 40% de 1.8 (1.5, no caso do Fit). Há também uma diferença de porte da Livina: em comprimento, por exemplo, tem 4,18 m, contra 3,93 da Idea e 4,04 da Meriva. Seu 1.6 16V tem 108 cv (com álcool), pouco menos que o 1.8 da concorrência, com 114 cv. A própria Nissan projeta um mix de venda de 35% só para a versão de entrada, 1.6 manual. Por que, então, não testamos essa configuração mais em conta? Simples: porque a Nissan só disponibilizou para teste a versão topo-de-linha, a SL 1.8 16V automática.
Com o visual comportado típico de produto Nissan, a Livina não tem um design empolgante. A grade cromada (cinza nas versões de entrada) remete ao Murano e é o elemento estético mais agressivo do carro. Também como um genuíno Nissan, a Livina deixa para impressionar no dia-a-dia. A suspensão é ótima: confortável e silenciosa na buraqueira de nossas ruas e firme nas curvas. Apesar de pesada (1 193 kg), acelera (0 a 100 km/h em 11,1 s) e freia (120 km/h a 0 em 61,4 m) com competência de sedã. De acordo com a Nissan, a apenas 2 400 rpm o câmbio automático de quatro marchas (a quarta é overdrive, para diminuir ruído e consumo na estrada) extrai 90% dos 17,5 mkgf de torque do motor. A direção elétrica e os grandes retrovisores externos facilitam as manobras. No entanto, é bom escolher vaga na rua com critério, pois a Livina é maior do que aparenta – é 1 cm mais comprida que a Renault Scénic, para ter uma ideia. Ainda esse ano, estreia uma carroceria alongada, para transportar até sete pessoas.
Design é atual, mas está longe de ser arrebatador
A versão testada, SL, vem com ar, direção, trio elétrico, airbag duplo, som, ABS, alarme, câmbio automático etc. Sim, os itens mais valorizados já estão incluídos no preço de 56 690 reais, mas alguém aí poderia explicar por que não há regulagem de altura do banco do motorista e dos cintos de segurança?
Em acabamento, a Livina convence: os plásticos são agradáveis ao toque e bem encaixados. Essa boa qualidade denuncia deslizes como a tampa do airbag do passageiro, em tom diferente do do painel, e o carpete rígido na tampa do porta-malas, sem moldura. O espaço para bagagens, diga-se, é o maior da categoria, com 449 litros de volume – Meriva, Fit e Idea levam, respectivamente 390, 384 e 380 litros.
O tanquinho do sistema de partida a frio ganhou posição inusitada na Livina: na base do para-brisa, à direita. Se por um lado essa localização torna desnecessário abrir o capô, por outro aumenta o risco de danos à pintura por derramamento acidental – justamente no capô, o cartão de visita de qualquer carro. Mário Furtado, gerente de marketing da Nissan, discorda, mas não totalmente: “Sabemos que há, de fato, o risco de cair algumas gotas de gasolina durante o abastecimento do subtanque. Mas, mesmo que ocorra, atingirá a grelha plástica”. Ainda que o dono da Livina dê essa sorte, plástico também mancha.
Para encorajar os consumidores a migrarem para a Livina, a Nissan oferece a garantia de três anos e o seguro por um ano por 999 reais (para a capital paulista), podendo variar em função do perfil e do endereço do contratante. Em se falando de seguro, discrição é uma virtude. E que tem (bom) preço.
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