11 de agosto de 2009

Conheça o Palio elétrico que roda em Itaipu

Modelo serve para o desenvolvimento de tecnologia brasileira na área Olhando de longe parece um Palio Weekend normal. Aqueles com olhar mais aguçado poderão ver alguns adesivos “elétrico” ao redor do modelo. Porém, a confirmação de que se trata de um carro movido a eletricidade vem com a ausência de barulho que ele emite ao rodar. Assim é o Palio Weekend Elétrico, perua que a Fiat monta na usina binacional de Itaipu e que foi avaliado, a convite da fabricante, pelo Carro Online.

Mas antes de acionarmos a ignição, conversamos com a equipe de engenheiros da marca italiana para descobrir mais sobre o projeto, iniciado há três anos por meio de uma parceria entre a Fiat Automóveis, a usina de Itaipu e a empresa suíça especializada em produção de energia renovável hidrelétrica KWO.

Por enquanto, não podemos dizer que o Palio Weekend Elétrico seja um veículo nacional, pois motor, transmissão e as baterias que abastecem o sistema são importados, mas a idéia da Fiat é obter o conhecimento necessário para nacionalizar esse automóvel utilizando peças desenvolvidas em conjunto com seus fornecedores. Além disso, é necessário um apoio do governo para que esse tipo de tecnologia se torne uma realidade em nossas ruas, já que o exemplar que você confere nas fotos custa R$ 160 000, quantia descomunal para um Palio Weekend. “Atualmente a administração federal não tem uma política para carros elétricos. Eles são taxados como veículos especiais e pagam mais taxas, como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), por exemplo, de 25%”, explica Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat.

Atualmente já existem 21 Palio Weekend Elétrico rodando nas empresas parceiras do projeto – grande parte companhias de geração e distribuição de energia – sendo que a meta é entregar 50 unidades até o primeiro semestre de 2010. Foi nos arredores da linha de produção que tivemos contato com a perua elétrica. Vamos às nossas primeiras impressões.

Ao volante

Se externamente o Palio Weekend Elétrico é semelhante à seu irmão a combustão, no interior é que aparecem algumas peculiaridades. O que mais desperta atenção é um mostrador no alto do console central onde constam informações sobre carga da bateria, tensão, temperatura e corrente. Descendo os olhos, notamos uma pequena chave seletora que permite acionar o regenerador de frenagem, um dispositivo semelhante ao tão falado KERS aplicado nos bólidos de Fórmula 1 e que recupera a energia gasta nos momentos de frenagem.

O câmbio também é bem diferente do que estamos acostumados. Na verdade só existe uma marcha à frente (Drive) e seu manuseio é simples, feito por meio de uma alavanca que conta, além da já citada posição Drive, com os comandos Neutro e Ré. Uma bateria convencional também está presente ao lado do motor para abastecer os sistemas auxiliares do carro, como faróis e luzes internas, dentre outros.

Antes de partir, porém, mais um característica de um carro elétrico: a ignição não tem os dois estágios habituais, basta girar a chave que o propulsor passa a funcionar. Sem luxos como direção hidráulica ou ar-condicionado (que está sendo adaptado para funcionar com um compressor elétrico semelhante ao usado em aviões, como nos explicou um engenheiro), mas com travas e vidros elétricos, o Palio Weekend Elétrico é impulsionado por um bloco refrigerado a água que desenvolve 20 cv (15 Kw), 5,1 kgfm de torque e pesa 41,5 kg.

Quem olha esses números tem a sensação de que a perua não sairá do lugar, mas a desenvoltura dela é surpreendente. Com quatro pessoas a bordo foi possível atingir e manter sem problemas uma velocidade constante de 80 km/h. As acelerações não são rápidas, mas são lineares e sem trancos. Segundo a Fiat, o Palio Weekend Elétrico acelera até 60 km/h partindo da imobilidade em 9s0 e atinge 100 km/h, sua velocidade máxima, em 28s0.

De acordo com os engenheiros envolvidos na montagem do modelo, a carroceria é recebida diretamente da Fiat proveniente de Betim e as únicas alterações necessárias estão na suspensão e nos freios. A escolha da Weekend para receber o conjunto elétrico foi a versatilidade, já que o volumoso pacote com as baterias pode ser acomodado no porta-malas, o que libera espaço para os quatro passageiros. “Mas não haveria problema em convertermos um Palio, pois é mais leve e poderia ser mais eficiente, porém ele só levaria dois ocupantes”, nos revela um engenheiro.
Por falar em eficiência, as baterias de níquel conferem uma autonomia de 120 km com carga completa ao Palio Elétrico e podem ser recarregadas em oito horas quando conectadas a uma tomada de três pinos de 220 V. Um detalhe muito importante é que essas baterias são completamente recicláveis, portanto não agridem o meio-ambiente. Pelo que sentimos, o modelo é a pedida ideal para quem trafega no trânsito pesado das grandes cidades, nas quais o motorista circulam em média 50 km por dia. Vamos torcer para que o governo abra os olhos para essa questão e a indústria nacional possa desenvolver componentes que permitam a fabricação em larga escala desses modelos por aqui

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